quarta-feira, 17 de julho de 2013

Musicas, Shows e Eventos: O que acontece antes de um festival de Verão



Mais de 365 dias de trabalho, onde a escolha do cartaz nem é o mais complicado. No caso do Alive, são investidos 5,5 milhões numa mini-cidade. Álvaro Covões, herdeiro de duas gerações de gestores de eventos, conta como tudo acontece.

Quando, em 2010, os Deftones pisaram o palco principal do Optimus Alive, à meia noite e meia, as quase 40 mil pessoas à sua frente estavam a léguas de saber que, aquele que acabou por ser um dos melhores concertos dos últimos sete anos de Alive, esteve para não acontecer. A banda americana de metal alternativo vinha de Oslo quando, meia hora depois de o avião descolar, voltou a aterrar no aeroporto da principal cidade norueguesa devido a uma avaria.

Álvaro Covões recebeu então um telefonema a dar conta da impossibilidade de o grupo chegar a Portugal a tempo do concerto. Mas a sorte estava do lado do empresário, que, imediatamente, localizou o avião de uma das empresas de ‘charters' com que trabalha, em Oslo, e com disponibilidade para trazer os Deftones a Lisboa. "Foi uma sorte, podia ter corrido mal", recorda Álvaro Covões. Mas, como se lê na Eneida, de Virgilio, "a sorte protege os audazes". E há lá maior atrevimento do que viver à custa da organização de concertos e festivais de música, num país em crise e ainda ganhar prémios por isso?

Já este ano, a Everything Is New venceu o prémio de Melhor Evento e Entretenimento da revista Marketeer, com o Optimus Alive, assim como o galardão de ouro de Festivais e o galardão de ouro Eventos de Grande Público, da Meios e Publicidade. Já em 2012 foi nomeado pelos prémios European Festival para uma série de distinções (Best Overseas Festival, Best Major Festival, Best European Line-up, Artist's Favourite Festival e Promoter of the Year). E, no ano anterior, já o Alive tinha ganho o de Melhor Evento Cultural, bem como o Grande Prémio da Gala dos Eventos, em 2010.

Não é para esperar menos de um gestor que já vai na quarta geração de uma família de pessoas ligadas ao negócio da organização de eventos musicais. Cresceu ligado ao Coliseu dos Recreios, laços que a família mantinha já herdara e, aos 23 anos, ainda na faculdade, organizou o seu primeiro evento: o primeiro concerto de Amália Rodrigues no Coliseu de Lisboa. Era o 1987 e, no dia em que caiu o Governo minoritário de Cavaco Silva, os vespertinos davam mais destaque ao concerto organizado por Álvaro Covões do que à queda do Governo português.

"Foi fácil, encheu as duas noites, portanto correu muito bem", lembra o antigo aluno de gestão de empresas.

Contudo, desengane-se quem pensa que organizar espectáculos de música é só diversão. "O nosso trabalho obedece a uma lógica completamente militar", explica: "Se alguma coisa correr menos bem, não dá para adiar para a semana seguinte, como se fosse um jantar entre amigos."

365 dias de festival (ou mais)

Isto de montar um festival é como nas marchas populares: ainda a edição deste ano não começou e já se está a pensar na do próximo ano. Porque Álvaro Covões não escolhe as bandas a partir do ‘top' de vendas da Fnac. A sua equipa sabe bem que música se anda a fazer, quem vai editar discos, quem está a comemorar anos de carreira e quem vai ser o artista revelação do ano seguinte. E não precisa de pedinchar: a Everything Is New produz grande parte dos concertos que acontecem ao longo do ano em Portugal e cruza-se com artistas todos os dias. Por isso, os convites não acontecem na véspera.

A um mês da edição de 2013 do Optimus Alive, "já sabemos alguns dos nomes que aqui queremos para o ano e até em 2015", revela o empresário, sem desvendar um único pormenor do festival. Um mercado que Álvaro Covões disputa com o seu antigo sócio, Luís Montez, da Música no Coração, responsável pela maioria dos festivais de Verão - mas que não esteve disponível para divulgar dados sobre a empresa e os seus eventos.

No início há um núcleo central de produção de 15 pessoas - as que trabalham no escritório da ‘Everything' - que sabem todos os segredos do festival. Fazem as operações de charme necessárias para trazer os artistas a Lisboa, quer por ‘email', quer viajando até aos países de origem das bandas. "O festival já é conhecido, e muitos artistas querem cá vir e até nos dão conta disso", conta.

Duas semanas antes da estreia, o núcleo alarga-se ao dobro. Já não há segredos, o público já é conhecido, já há milhares de bilhetes comprados - para esta edição estão a ser vendidos, em média, 30 mil por dia -, mas a responsabilidade não acaba e, nesta altura, todos são poucos. É preciso garantir a montagem do recinto (onde ficam os ‘comes' - entregues a concessionários - e ‘bebes' - explorados directamente pela promotora-, onde ficam as casas-de-banho, a sala de imprensa, os camarins dos artistas).

Bilheteira (mais) internacional

Do ‘catering' à acomodação dos 90 artistas que passam pelo Alive nos próximos dias 12, 13 e 14 de Julho, passando pelas acreditações dos jornalistas, convites e mesmo os sobressaltos de última hora, tudo tem de ser resolvido. Nesta altura, já não serão 30, mas 1.500 pessoas a depender directa ou indirectamente das orientações de Covões, que se preocupa "com a reacção do público. O que interessa é que estejam a gostar".

Com os planos de marketing que a ‘Everything' trabalha ao longo do ano, muitas vezes em parceria com os seus patrocinadores principais, o festival tem conseguido chegar cada vez mais ao público estrangeiro, alcançando assim um dos objectivos de Covões para este festival, que nos primeiros quatro anos de existência (desde 2007) conseguiu atingir o ‘break even': no ano passado foram vendidos 17 mil bilhetes no estrangeiro, em 53 nacionalidades diferentes, este ano já são sete mil ingressos comprados em 32 países.

O recorde de audiência foi claramente atingido no ano passado, com cerca de 55 mil pessoas a aplaudir os britânicos Radiohead, responsáveis por terem esgotado os bilhetes para o dia em que actuaram, assim como os passes de três dias, a que o público acedeu a comprar, como última e única oportunidade de conseguir uns centímetros quadrados em frente ao palco para ver a banda de Thom Yorke.

Os preparativos aumentam agora de ritmo para que não haja qualquer sobressalto. Mas um artista que fica doente à última hora, um baterista que enfia uma baqueta no olho e passa a noite no hospital, a cerveja que acaba, ou um avião que tem uma avaria, há sempre. Mas, no dia 12 de Julho, às 16 horas, os portões têm de abrir. "É como nos jornais: um jornalista não pode dizer que se atrasou, que não tem a notícia escrita. Aqui também pode acontecer tudo, mas à hora marcada as portas têm de abrir e os concertos têm de começar". E começam sempre.

fonte: http://economico.sapo.pt/

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