quarta-feira, 23 de julho de 2014

Músicas, Shows e Eventos · Integrantes de Arcade Fire, Radiohead e The National lançam discos de música erudita


Assim como fizeram roqueiros do passado, uma nova geração está expandindo os horizontes


Capa do disco "Music for Heart and Breath", de Richard Reed ParryFoto: Reprodução / Divulgação


Roqueiros que compõem música erudita não são exatamente uma novidade. Que fã não lembra do Concerto for Group and Orchestra, do tecladista do Deep Purple, Jon Lord, com a Royal Philarmonic Orchestra em 1969? Mas agora o fenômeno aparece como traço de uma geração. Influenciados por vanguardistas da segunda metade do século 20, como Steve Reich, John Cage e Olivier Messiaen, integrantes de bandas de rock contemporâneas estão encontrando na música de concerto uma forma de expandir seus horizontes.

É o caso de Richard Reed Parry, multi-instrumentista do Arcade Fire, que lançou, em junho, o disco Music for Heart and Breath, com obras para diversas formações, pela Deutsche Grammophon. Conhecido pelo rigor na seleção de seu elenco, que inclui a imbatível Filarmônica de Berlim, o selo havia colocado no mercado, em março, o álbum St. Carolyn by the Sea/Suite from "There Will Be Blood", com trabalhos individuais de Bryce Dessner e Jonny Greenwood, mais conhecidos como guitarristas da The National e do Radiohead, respectivamente. Dessner já havia tido composições gravadas, em 2013, pelo célebre Kronos Quartet no disco Aheym (pelo selo Anti), e Greenwood dividiu, em 2012, um álbum com seu mestre Penderecki pelo selo Nonesuch.

> Celso Loureiro Chaves analisa a música de concerto dos roqueiros

O desafio, agora, é enfrentar a resistência de parte do público. Comentários de leitores no site especializado Slipped Disc dividem-se entre boas-vindas aos jovens talentos e acusações de que as gravadoras estariam afrouxando seus critérios para tentar superar a crise da indústria fonográfica. Em depoimento a ZH, o CEO da Deutsche Grammophon, Mark Wilkinson, lembra que o selo tem tradição em trabalhar com artistas de outros gêneros musicais, como Sting e Elvis Costello:

– Muitos músicos de hoje têm formação clássica e trazem a música de concerto dentro de si, cruzando os gêneros com facilidade e empolgação. Estamos entusiasmados por trazer seus trabalhos para uma audiência ampla.

Já a crítica especializada está encarando a novidade com interesse. Richard Whitehouse escreveu na revista britânica Gramophone que o estilo "visceral e distinto" da The National está evidente na obra de Dessner, e Leo Chadburn afirmou no site Sinfini Music que o "experimentalismo delicado e tranquilo" de Parry está "a um mundo de distância da ansiedade tremeluzente" do Arcade Fire. Autor do livro Maestros, Obras-primas & Loucura, o crítico inglês Norman Lebrecht afirma a ZH que ouviu as composições de Jonny Greenwood, as quais considera "excelentes":

– Não acho que devemos nos preocupar demais com categorias. Na era do download, todo tipo de música é misturado no celular ou no notepad, e cabe ao ouvinte dar sentido ao que gosta e ao que gosta menos. Se a música é boa, não precisa ser rotulada como "clássica", "new age" ou qualquer outra coisa. E, se não é boa, nenhum rótulo conseguirá salvá-la.

TOP 7 Roqueiros eruditos:

Antes de Richard Reed Parry, Bryce Dessner e Jonny Greenwood, outros roqueiros apostaram na música erudita

Roger Waters
Em 2005, o ex-integrante do Pink Floyd lançou uma gravação de sua ópera Ça Ira, sobre a Revolução Francesa.

Frank Zappa
Zappa teve, na década de 1980, obras gravadas pelo lendário Pierre Boulez, regendo seu Ensemble InterContemporain, e pelo maestro Kent Nagano, à frente da Sinfônica de Londres.

Stewart Copeland
O ex-baterista do The Police estreou na ópera, em 1989, com Holy Blood and Crescent Moon, nos EUA. Hoje, tem quatro obras nesse formato.

Paul McCartney
Em 1991, o beatle compôs, em parceria com Carl Davis, o Oratório Liverpool, inspirado em sua biografia. Na seara erudita, lançou os discos Standing Stone(1997) e Working Classical (1999).

Jon Lord
Composto pelo tecladista do Deep Purple morto em 2012, o Concerto for Group and Orchestra colocou, lado a lado, a banda inglesa e a Royal Philarmonic Orchestra, em 1969.

Damon Albarn
O líder do Blur e do Gorillaz tem recebido boas críticas por suas óperas –Monkey: Journey to the West (2007), baseada em uma história chinesa, e Doctor Dee (2011), sobre o matemático elisabetano John Dee.

Rufus Wainwright
Há cinco anos, o cantor americano criado no Canadá estreou a ópera Prima Donna em Manchester. Hoje, trabalha em uma nova ópera em parceria com o dramaturgo Daniel MacIvor.


fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2014/07/integrantes-de-arcade-fire-radiohead-e-the-national-lancam-discos-de-musica-erudita-4557445.html


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